5 faces

Ele era aquele tipo de cara errado. Aquele que gosta de andar pelas madrugadas, de ficar sem compromisso e que liga no dia seguinte só para iludir. Eu fiquei com ele no carnaval. Era pra ser só mais uma aventura, mas após o primeiro beijo tudo já ficou mais interessante. Minha melhor amiga logo disse que eu estava ficando apaixonada. Eu negava e dizia que era só atração. As amigas aconselhavam que eu deveria ser muito melhor que a ex dele. Eu começou a ouvir o que ele ouvia, andar com quem ele andava e frequentar onde ele frequentava. Nós começamos a namorar. Tudo foi bom até que os problemas começaram a aparecer. Brigas por bobeira, problemas de família, mágoa e indecisão também. Eu comecei a sentir que algo ruim está para acontecer. Sonhei que tudo terminava e acordei no desespero. Mesmo com todos os incontáveis defeitos, eu sempre o aceitei e acreditei que um dia ele poderia ser o meu príncipe. É apenas uma fase do relacionamento, todo mundo passa por isso. O problema é que nosso relacionamento nunca foi igual ao dos outros. Ou seja, nós não passamos por isso.

Eu ainda ia fazer 18 anos. Minha mãe mal deixava eu sair. Você já tinha alguma experiência de vida. Gostava de história, filmes de ação, de baladas e de zuar com os amigos. Você me cativava e me assombrava ao mesmo tempo. Passei a maior parte do relacionamento com a insegurança de te perder para a primeira que aparecia na sua frente. Me moldei para que você gostasse de mim. Você gostou. Ocupei todo o meu tempo com coisas relacionadas a você. Você era minha primeira opção e minha prioridade. Desentendimentos apareceram.  Discussões por causa do que você disse, porque você não atendeu o celular, porque eu só tava irritada. Você gostou de mim, mas eu não era eu. Eu até te contei, você não acreditou. Agora, acredita. Não me arrependo. Aprendi que não devo me mudar por nada nem ninguém.

Ouvi uma vez que sempre tem um que ama mais. Confesso, que sempre quis que um dia você me amasse mais do que eu te amo. Mas no nosso relacionamento, quem amou mais fui eu. Dizem que os garotos amadurecem mais lentamente e eu estava disposta a esperar por isso. Enquanto eu estava na fase de querer crescer, virar uma adulta. Eu sempre fui a boba apaixonada por você. Não que você não gostasse de mim. Mas eu acho que merecia qualquer pedacinho do amor que você estava disposto a me dar. Eu merecia. Nem sempre a gente tem o que merece. Você é um homem em algumas coisas, e não tanto em outras. Esperei ansiosamente pelo dia que você sentiria aquela luz de tomar as rédeas de nosso relacionamento. Mas não, eu comandei até quase o final. Porque o final quem deu foi você.

Ele além de namorado era meu amigo. Ele nunca foi lá dos mais sensíveis mas era romântico e fofo quando precisava. Ele nunca foi como nenhum garoto que eu imaginei namorar. Fala frases que parecem que foram pegas no google, gostava daquela bruxa que todo mundo odiava, e tem muita amiga que chama ele de amor. Eu era só mais uma das. Mais uma. Quem nunca ficou com um amigo? Até que deu certo. Muito certo. Ele foi meu melhor namorado, minha melhor companhia e nunca faltava assunto ou algo pra fazer. Quase todo mundo torcia pela nossa felicidade. Quase. O problema surge quando namorar se torna um fardo ao invés de felicidade. Não se tornou pra mim, pra você? Eu sempre falei, expus e gritei aos quatro cantos meus sentimentos. Você sempre foi tão reservado. Achei que você era meu, mas querido, ninguém é de ninguém. Eu te amei demais. Esse amor te sufocou. Agora, você precisa se livrar dele para respirar. Eu deixei. Nem sempre amar é a solução. O amor também pode vir a ser um problema.

A vida pode ser vista de vários ângulos, mas a realidade não muda. Tudo isso é a mesma história, entre as mesmas pessoas. Mas que pra ser escrita precisou de tantos parágrafos e tantos começos. E que para terminar precisou de tantas palavras e tantas lágrimas. É isso.