terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Sentimento sem nome

Quando eu te vi me esperando naquela quinta feira de sol morno, imediatamente me encantei por você. Você transformava cada música que tocava na rádio em uma lembrança e me fazia rir ao cantarolar algumas delas no chuveiro. Eu me apaixonei pelo seu jeito fresco de lavar as mãos toda hora. Pela sua mania de ter o lado certo da toalha para se enxugar. Você me cativou pelo seu portunhol esquisito e por parecer só saber o adjetivo “bonito”. Tudo era bonito para você. Até eu. E pela primeira vez eu acreditei quando alguém disse isso.

Nós nunca iríamos namorar. Não é que a gente não tenha se gostado. Pelo contrário. Mas não foi uma daquelas histórias de amor à primeira vista. Muito menos aquelas tipo as que o Nicholas Sparks escreve. Eu nunca te amei, nem sequer fui apaixonada por você. Então, qual o nome disso que eu sinto até agora? Esse sentimento tão intenso que me faz pensar em você todos os dias mesmo depois que você foi embora. Sentimento que me faz pensar em você mesmo sabendo que eu nunca mais te verei novamente.

Eu me apaixonei pelo seu beijo. Pela maneira carinhosa de tirar minha roupa, de me deitar na cama e de olhar para mim. Eu me apaixonei pela maneira que você ficava louco com cada movimento meu e por aquele sorriso safado-inocente que você dava quando eu te agarrava. Eu me apaixonava a cada dia mais por ter sido o melhor cara da minha vida. E ainda mais por saber que era o que eu menos podia amar. 

Eu me encantei pelos seus olhos azuis, seu cabelo loiro que nunca bagunçava, pela sua boca tão pequena, pelo seu corpo tão bonito e pelo conjunto de todas essas coisas que fazia você parecer que veio diretamente de um sonho que eu nunca ousei ter. Eu amei estar vivendo o que toda garota gostaria de viver, mas sabia que no final nem tudo seria tão bonito. Até que parecia que não ia ser tão difícil assim. Afinal, eu amava tudo em você, mas nunca foi aquilo que as pessoas sentem quando estão apaixonadas. Eu sabia que viriam outros depois. Outros que eu acreditaria, outros que iriam mudar minha vida, outros que iriam me fazer feliz, talvez outros tão bonitos quanto. Mas nenhum deles seria você. Não vou dizer que você foi o amor da minha vida, mas absolutamente foi o que mais a marcou.

Eu te amei sem te amar. Eu me apaixonei sem me apaixonar. E agora vivo carregando um sentimento sem nome dentro do meu peito. Eu tento, tento, tento e tento. Mas não consigo te esquecer, não consigo superar.

E olha que eu nem chamo isso de amar.

Alguém me diz qual é o nome disso? 

Existe amor sem amar, paixão sem apaixonar? Porque eu sinto esse sentimento sem nome até hoje e ele não deixa de aparecer todos os dias. Ele vem de pouquinho em pouquinho, calminho e não me deixa nem por um tempinho. Eu até que gosto um pouco. Porque se não fosse por esse sentimento que deixou, eu poderia até chegar a pensar que você nunca foi verdade. Que foi mais um daqueles amores que eu invento quando to entediada. Mas por toda essa agonia que sinto ao ouvir seu nome, eu lembro que tudo foi real. REALIDADE. Ou sonho. Um sonho vivido. Um amor de verdade. Mas sem ser amor.

Eu não sei quando vou superar, quando vou me lembrar de você apenas como uma história e não com um aperto no peito. Sei lá se algum dia vou me esquecer de todas as cenas e imagens que eu luto tanto para guardar na minha memória ou se elas irão continuar na minha mente me lembrando o tempo inteiro de uma história inesquecível. 

E eu sabia. Sabia que você iria embora. Eu sabia que não iria te ver nunca mais. Eu sabia de todas as consequências desde o começo. Eu sabia que nunca seria amor, sabia que nunca seria amar, sabia que nada teria como mudar. Mas tenho certeza que havia muito sentimento em algum lugar. Nós fomos amor, paixão, tesão, desejo, vontade, curiosidade, sonho, descoberta e loucura. Fomos tudo e nada ao mesmo tempo.

Hoje, ao ouvir qualquer música que me faça relembrar o mínimo daqueles encontros, eu me lembro de quando você estava aqui. Ouvir Maná faz os meus olhos se encherem de água e tomar banho nunca será o mesmo sem você. Eu até sorrio, e me lembro de como as garotas me odiavam por alguns segundos quando eu passava com você. E continuo achando uma frescura você ter um lado da toalha para secar o rosto e outro para secar a perna. No final, você já sabia dizer que além de bonita, eu era linda também. 

Mas lindo era você. Que transformou a minha vida mesmo sem me amar e que me proporcionou sentimentos lindos sem se apaixonar. 

Por ser meu tudo e meu nada, eu te amo. E ainda sou apaixonada por você. E aqui dentro tem um sentimento sem nome que vou passar a vida sem entender.

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