Passamos
nove meses (às vezes menos) na barriga da nossa mãe e não temos a mínima ideia
de tudo o que nos espera aqui fora. Mal sabemos que vamos conhecer pessoas
maravilhosas que irão nos ajudar a dar aos primeiros passos, a sobreviver e
conhecer esse mundo que não entendemos. Mais um pouco crescidos, passamos a
querer descobrir isso tudo com um pouco mais de liberdade até conseguir
realmente desbravá-lo realmente por conta própria.
Cresci sem
internet e sem celular. De companhia só
tinha os livros, revistas e as várias barbies e suas mobílias espalhadas pelo
chão. Fico feliz por ter conseguido pegar a época de brincar de elástico, pular
corda e amarelinha, rolar no chão, brincar
de guerrinha de mamona e voltar para casa com o cabelo cheio delas. Peguei a
época de brincar de pique pega e todas as suas variações, inclusive o pique
esconde – o mais querido de todos. Além de esperar a noite para contar
histórias de terror e ficar morrendo de medo na hora de dormir.
Eu
cresci. Ganhei computador, ganhei celular, chegaram mais livros e revistas. As
barbies e suas mobílias foram trocadas por redes sociais. Elástico, só o de
prender cabelo. Corda, só a de estender a roupa. Desenhar ficou para trás e
amarelinha só a cor das roupas e atualmente da parede do meu quarto. Agora, ao
invés de rolar no chão brincando, eu rolo por causa das cólicas menstruais. E
ao invés de tacar mamonas no cabelo, eu taco é bastante creme para domar a
juba. O pique continua, mas com outro significado. Pegar, só resfriado e
esconder é o que a minha faz quando arruma alguma coisa minha. Sobre as
histórias de terror, não preciso mais delas. Já tem tanta coisa ruim no mundo
que nem é necessário inventar.
Cresci.
Passei a achar a natureza bonita, ao contrário do que eu achava quando era
pequena – tudo mato. Os apelidos, complexos e traumas deixei para trás. Não
ligo que sou magra, magrela, esquelética, anoréxica, e todas as outras coisas.
Não sou mais dentuça e nem pareço o coelho da páscoa ( depois de milhões de anos
de aparelho) , acho meu sorriso lindo. Convivi com pessoas de diversas classes
sociais, diversas religiões, diversos pensamentos e diversos modos de vida.
Escolhi o meu. To tentando aprender a discutir política, talvez saiba um pouco
de filosofia e da vida to sempre aprendendo um pouco mais.
Amei.
Meus pais, meus amigos, conhecidos, namorados, amores inventados. Livros,
palavras, dias, lugares, músicas e lembranças. Amei pouco, muito, rápido, para
sempre. Amei sem querer, sem saber, sem porquê. Amei amar e amo o amor porque
ele é simplesmente indescritível.
Fiz um
monte de amigos. Errei tanto. Dei valor a quem não merecia e não valorizei quem
deveria valorizar. Desperdicei oportunidades, dias, momentos e pessoas. Nunca
tive coragem para cortar muito o cabelo. Passei a amar comprar roupas. To
tentando diminuir as manias estranhas que tenho.
Passei a
não dar ouvido para quem acha que inteligente é quem cursa exatas ou quem fala
difícil e escreve qualquer coisa como se tivesse escrevendo um artigo científico.
Não fiz direito por causa do dinheiro e fui para comunicação por causa da
vontade. O mais importante de tudo isso é que mudei minha maneira de pensar e
de ver a vida.
Tenho só
19 anos, em exatamente quinze dias terei 20. Já aprendi tanta coisa e olha só,
não para de surgir coisas novas para aprender. A vida parece passar cada vez
mais rápido e chegar as 20 me assusta um pouco – na verdade muito. Daqui a 15
dias vou ter vivido 7300 dias. Vou ter tido 7300 oportunidades para ser feliz.
7300 dias para fazer alguém feliz. 7300 histórias para contar.
Um ano é
muita coisa para quem reprova um ano. Um mês é muita coisa para quem está
esperando. Uma semana é muita coisa para quem quer uma folga. Um dia é muita
coisa para quem sente fome. Uma hora é muita coisa para quem tá sentindo dor.
Em um minuto você pode conhecer alguém que vai permanecer na sua vida para
sempre. Em um segundo a sua vida pode mudar completamente.
Todo ano
eu tenho 12 meses, 52 semanas, 365 dias, 8760 horas, 525600 minutos e 31536000
segundos para escrever minha vida do jeito que eu quiser.
Todos os
dias tenho 24 horas para escrever minha história. Quando lembro que a vida
passa e que nada volta mesmo eu querendo com todas as forças, tenho fazer mais
um dia inesquecível. Porque entre tantos dias felizes e outros nem tanto assim,
o tempo vai passando e a gente nem percebe.
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