terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Naquele dia


“Estranho seria se eu não me apaixonasse por você”. Naquele dia, essa parte cantava na minha cabeça o tempo todo. De verdade, essa música seria perfeita para ser nossa trilha sonora, fazendo algumas mudanças. Mas olha só, você até morava em Laranjeiras. Só que no quarto andar. E você tinha um nike azul e eu uma bota preta de cano alto. Quase igual não?
Mas músicas a parte, seria mesmo estranho se eu não me apaixonasse por você.
Eu sabia desde o início que todo aquele seu carinho e a dedicação em me agradar virariam uma vontade de retornar tudo aquilo que você fazia questão me me mandar. Eu sabia que todo aquele sentimento que eu sentia, seria recíproco. E quando algo é recíproco, ele cresce, cresce, cresce, até a gente não aguentar mais.
Aquela vontade de conversar sobre todos os assuntos disponíveis, sobre filosofia, amor ou nossas culturas diferentes é que me fez ver que qualquer dia ao seu lado seria o meu novo melhor dia. Fui percebendo que encontrei alguém para ser meu companheiro por alguns meses, ou anos, talvez décadas.
Medo eu tive. Você me olhava como um anjo, sorria como uma criança inocente, mexia na barba como alguém que não poderia fazer mal a ninguém e não fazia joguinhos - queria estar sempre comigo -, mas eu tinha medo. Medo de você enjoar de mim. Eu já havia me decepcionado tantas vezes que mesmo com toda a demonstração explicíta de amor, eu continuava achando que poderia virar as costas de repente e me dar tchau.
Naquele dia eu me entreguei.
Entrei na sua casa, no seu quarto, definitivamente na sua vida. Você fez um tortiglioni alla carbonara e aquele foi o melhor prato que eu já comi em toda a minha vida. Não só pelo sabor ou pela surpresa de como você cozinhava bem, mas pelo sentimento que havia ali. Eu tive a certeza que deveria sim me apaixonar por você.
“Achei, vendo em você e explicação nenhuma isso requer.

Se o coração bater forte e arder, no fogo o gelo vai queimar…”

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