terça-feira, 29 de abril de 2014

Não acaba aqui



Aquela música que tocou na tv quando você disse que gostava de mim virou trilha sonora junto com aquela da legenda da primeira foto e todas as que você me mostrou. Elas vão me acompanhar na irracional saudade que vou sentir de você. Saudade de ver você sorrir e ouvir sua voz. Vai ser difícil lembrar daqueles momentos congelados ao ver as nossas fotos e não poder sentir seu abraço.
Vou lembrar da noite que dormimos juntos. Da viagem para casa da minha tia, de como você tentava fazer eu entender italiano e de todas as massas que comemos. Vou lembrar, todos os dias, dos nossos planos. De como planejamos nos casar duas vezes, uma no Brasil e uma na Itália. De como falamos tanto sobre nossos futuros e inexistentes filhos e a dúvida, com quem eles iriam parecer mais?
O seu olhar no ônibus é a coisa mais forte dessas lembranças. O primeiro beijo, as conversas na praia até anoitecer, e as outras na cama até dar hora de eu ir embora. Os filmes que víamos toda semana.
Nunca vou esquecer os dias em Araruama e em Ilha Grande. Dos seus sentimentos transformados em palavras e do meu coração batendo forte a cada sílaba que você dizia. Do seu pedido constante "não me esquece não, é". Como se fosse tão fácil apagar todos os dias na praia, no ônibus, na sua casa. Como se fosse tão fácil esquecer você.
Eu vou sempre lembrar como falávamos do futuro como se soubéssemos como tudo seria. De como eu imaginava você chegando do trabalho e nós dois sentados na mesa jantando toda noite. De como eu queria tanto decorar a nossa casa. De como ela teria que ser grande, tendo espaço para os meus amigos poderem sempre me visitar. De como iríamos cozinhar juntos e quase nunca brigar.
Eu poderia ter medo de tudo isso, de todos os nossos planos, desejos e expectativas não darem certo. Poderia ter medo de que o beijo de despedida fosse o nosso último beijo. Ter medo de que da mesma maneira que você me trouxe de volta a esperança, você a levasse embora na sua mala. Eu posso ter medo, porque você não vai estar aqui e o tempo sempre muda tudo. A distância ajuda o tempo. E eu poderia me precipitar e escrever textos sobre uma menina que conheceu o amor da sua vida e o perdeu. Mas não, não vou fazer nada disso.
Sabe por quê? Porque eu sinto que nós temos um futuro junto. Sinto desde o primeiro beijo, do primeiro abraço, e de como você me deu a mão logo no primeiro dia. Sinto que você gosta de mim desde o primeiro olhar e de como foi tão homem ao admitir que gostava de mim logo no começo. Sinto que há muito sentimento por trás daquele “eu acho que te amo”. E do meu “também”. Eu sabia desde aquele 20 de janeiro em que você disse que seria difícil ir embora. E de como nós fomos corajosos para continuar mesmo sabendo de tudo.
Eu nunca tive medo e não vou me permitir ter. Porque eu sei que vou te ver outra vez. Eu sei que tudo de bom que você me fez sentir vai continuar. Sei que mesmo longe, você vai estar presente e que o tempo e a distância não vão atrapalhar. E eu não vou escrever sobre o nosso futuro. Apenas espero por ele.
Nossa história não acaba aqui. Ela vai continuar. E vai ter um final feliz. Ou não ter final.

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