O desconhecido me assombra. A indefinição me incomoda. A saudade me faz voltar a sua casa, que ainda tem na parede a marca que eu deixei. O alívio de ver o seu sorriso. A vontade de entender tudo o que aconteceu. Outra vontade: a de não precisar sair de perto de você nunca mais.
Um monte de textos já foram escritos. Um monte de bombons já foram devorados. Um monte de noites foram aproveitadas. Garotos beijados, vodkas bebidas, besteiras feitas. Eu não tenho a memória tão boa assim, mas de você eu lembro até dos detalhes. Eu sei que to errada. Falei besteira, demonstrei tudo errado, agi como quem não se importava com você e nem comigo. Eu me culpei por dias, e ainda escolhi me afastar de você pra ver se deixava tudo isso pra lá. Queria esquecer, fingir que você nem existiu, fugir desse sentimento como o diabo foge da cruz. Tudo porque eu não queria cair de um precipício sem saber se você estaria lá em baixo pra me segurar.
Eu queria tentar dar lugar a razão pelo menos uma vez. Só que eu sempre prefiro arriscar. É arriscado, eu sei. Mas, é a vida. Não consigo deixar pra lá pensando em como poderia ter sido. Não consigo deixar algo morrer sem começar, simplesmente pelo medo de tentar. Não posso fingir seguir em frente enquanto só quero voltar atrás. Acabo seguindo o coração, como sempre. Torcendo pra dessa vez dar certo, como sempre também.
Esses pensamentos eu não verbalizei. Tem coisas que a gente demonstra só pelo jeito que olha. Você me olha também. Então, eu torço pra que nossos olhares possam sempre se encontrar. Desejo que você tranque a porta do quarto e mostre que valeu a pena eu voltar. Você me diz que morreu de saudade da gente assim, tão bobos e juntos. Fiquei feliz. Eu tinha medo de que você me esquecesse tão rápido quanto gostou de mim, que me deixasse ir tão rápido quanto me fez querer ficar, que esse sentimento terminasse tão rápido quanto começou. O desconhecido me assombra. A indefinição me incomoda. Mas, a sua parede ainda tem a minha marca. Você ainda sorri quando me vê. Eu ainda sinto o mesmo por você.
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